A Língua Guarani: Voz Viva da Cultura Ancestral
A língua Guarani, falada por diversos grupos indígenas no Brasil como os Mbya, Ñandeva e Kaiowá, é um dos pilares mais importantes da identidade e resistência cultural dos povos originários. Pertencente à família Tupi-Guarani, esse idioma vai além da comunicação cotidiana — ele expressa a espiritualidade, a relação com a natureza e a sabedoria ancestral acumulada por gerações. No universo Guarani, linguagem e alma são inseparáveis. Um exemplo simbólico é a palavra "Ñe’ẽ", que significa tanto “palavra” quanto “espírito”, demonstrando como o idioma carrega sentidos profundos e sagrados. Assim, falar Guarani é também uma forma de conexão espiritual com o mundo e com os ancestrais. Tradicionalmente oral, a língua é transmitida por meio de histórias, rezas, cantos e mitos. Durante a Semana Cultural Indígena, essas formas de expressão ganham vida em apresentações e rodas de conversa que encantam e ensinam, aproximando o público da riqueza cultural dos povos Guarani. Apesar das tentativas históricas de apagamento, o Guarani continua vivo e é ensinado às novas gerações, inclusive em escolas bilíngues que promovem o ensino tanto em Guarani quanto em português. Essa resistência linguística é uma forma poderosa de preservar a cultura indígena sem perder o diálogo com o mundo contemporâneo. Curiosamente, muitos termos do português derivam do Guarani ou do tronco Tupi, como abacaxi, capivara e pindorama, mostrando como essa herança está presente no cotidiano de todos nós — ainda que muitas vezes de forma invisível. Valorizar a língua Guarani é, portanto, reconhecer a força de um povo que segue lutando para manter sua voz viva e sua sabedoria pulsando no presente.
Veja abaixo o alfabeto Guarani: ↓↓
